Percepção de variações sonoras

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Percepção de variações sonoras


Identificar os elementos da linguagem musical é um dos objetivos do trabalho no 1º e 2º anos

Antes de aprender a compor ou a se expressar por meio dos sons, as crianças precisam compreender alguns conceitos da chamada teoria musical. Entender as noções de forma e gênero musical, assim como os elementos desta linguagem - o pulso, o compasso, o ritmo, as notas musicais - são conhecimentos essenciais para que os alunos se desenvolvam. A esse eixo damos o nome de percepção.

Isso não significa que as aulas de música devam ser planejadas apenas como aulas expositivas de teoria. Pelo contrário. Segundo a educadora musical Maura Penna, "musicalizar é desenvolver os instrumentos de percepção necessários para que o indivíduo possa ser sensível à música, apreendê-la, recebendo o material sonoro/musical como significativo". Em outras palavras, nunca perca de vista os objetivos pedagógicos de cada uma das atividades propostas para a turma - vale lembrar que as aulas de música não podem ser confundidas com momentos de recreação. No entanto, utilizar jogos e brincadeiras musicais é uma boa estratégia para ensinar os conceitos básicos da linguagem musical - quando as crianças usam chocalhos para marcar o pulso de uma canção, quando cantam ou usam o corpo como instrumento (veja mais sobre os improvisos e composições no item 3.4) - estão aprendendo noções elementares que serão cruciais para o aprendizado de música nos anos seguintes do Ensino Fundamental.

Até o final do 1º ano, as crianças devem dominar os conceitos relacionados às variações de altura (sons graves e agudos), intensidade (sons fortes e fracos), duração (sons lentos e rápidos) e timbre (as distinções de sons que estão em uma mesma frequência ou intensidade) - os chamados quatro parâmetros do som. Nesse período, não se preocupe em ensinar a notação musical para as crianças. Explore jogos como, por exemplo, "morto-vivo", em que as crianças levantam quando escutam sons agudos e abaixam quando escutam sons graves; cante muito com os alunos; de preferência, toque instrumentos de verdade com eles - piano, violão, flauta doce ou instrumentos de percussão disponíveis na escola; organize brincadeiras de roda e associe à música a outras linguagens, como a da dança, por exemplo.

No 2º ano, você pode explorar melodias mais complexas no canto, pois a turma já será capaz de acompanhar as letras das canções. A voz carrega muitos elementos da linguagem musical.

Dicas para as atividades de percepção das variações sonoras 


- Quando for cantar, procure usar um tom de voz suave e não muito grave, pois nessa fase, a voz das crianças tende ao agudo. Também evite usar expressões como "cantem mais alto", porque isso costuma levar às crianças a gritar e o que queremos é, justamente, que elas percebam o limite entre música e barulho.

- Proponha jogos de "maestro e orquestra" com as crianças, em que gestos corporais combinados com o grupo determinam o ritmo do que deve ser cantado ou tocado. Primeiro, você faz às vezes de maestro e depois propõe uma troca com os alunos para que cada um deles exerça essa função e comande os movimentos e sons produzidos pela turma.

- Explore os sons dos objetos da sala de aula: os sons da batida de um lápis no metal das carteiras é mais grave ou mais agudo que o som da batida das mãos na madeira da porta?

- Sempre que trabalhar com instrumentos, especialmente os de percussão - triângulos, clavas, chocalhos, caxixis, tambores etc. -, faça uma roda com os alunos. Assim, fica mais fácil para que eles percebam como devem manusear os instrumentos e para que possam ouvir uns aos outros.

- Leve em conta o que as crianças já sabem para ampliar o repertório da turma e procure saber que instrumentos elas já conhecem. Sempre que possível, utilize instrumentos de verdade nas aulas. Caso contrário, faça com que os alunos tenham acesso a gravações com o som dos instrumentos. Para trabalhar os conceitos de forte/fraco, grave/agudo e lento/rápido, você também pode construir alguns dispositivos sonoros, como veremos a seguir.

Construção de dispositivos sonoros 

Ter instrumentos de verdade na escola é um passo fundamental para que se elabore um bom projeto de formação musical dos alunos. Em 2010, o Ministério da Educação (MEC) distribuiu kits com instrumentos musicais para mais de 1800 escolas públicas, com recursos do programa Mais Educação. Caso sua escola ainda não tenha sido contemplada, informe-se com o diretor escolar ou com as Secretarias de Educação sobre os procedimentos indicados para solicitar os instrumentos.

Mas, é possível construir com os alunos dispositivos sonoros, cujo objetivo é demonstrar os quatro parâmetros do som. Trabalhe com esses objetivos propondo algumas sequências rítmicas.

Chocalhos feitos com garrafas pet ou latas e diferentes tipos de grãos (como arroz, feijão ou grãos de areia) servem para demonstrar sons mais graves ou mais agudos; tambores de lata ou feitos com galões de água, recobertos com pedaços de feltro ou bexigas, também geram variações sonoras interessantes. Um par de clavas pode ser construído com pedaços de um cabo de vassoura ou duas colheres de pau que devem ser batidas uma contra a outra, para trabalhara a noção de pulsação (o pulso, a "batida" da música). Os alunos podem, ainda, produzir uma baqueta ao colocar uma borracha ponteira no lápis. 
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